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Visitantes, minhas saudações.

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sexta-feira, 17 de setembro de 2010

BORDADOS DE TIBALDINHO

Bordados de Tibaldinho - Mangualde - Viseu


quinta-feira, 11 de dezembro de 2008, 14:15:35 - noreply@blogger.com (Carlos Cardoso)

No distrito de Viseu, concelho de Mangualde, na freguesia de Alcafache, situa-se um pequeno povoado que chegou até aos nossos dias, ainda com ruas empedradas e casas tradicionalmente construídas de beleza invejável. É aqui que podemos encontrar a arte dos Bordados de Tibaldinho.


É difícil definir uma datação precisa para a implementação desta manufactura da arte de bordar nesta região, devido à escassa documentação existente sobre o assunto. No entanto, a investigadora Madalena Braz Teixeira aponta as suas origens para um momento histórico em que a família real e toda a aristocracia da época que a acompanhava regressou a Portugal. Ora, esta aristocracia, para além de possuir um grande número de solares nesta região, também era detentora de colecções invejáveis de bragais. O uso, o desgaste e a necessidade de renovação certamente foram os principais motivos que levaram estes nobres a contratarem bordadoras para efectuarem a renovação e substituição das peças.

«O regresso da família real das terras brasileiras (1819) e da aristocracia que acompanhara o rei a essas paragens longínquas, vem a realizar-se durante a década de 20.

Ocasião propícia à beneficiação dos solares deixados vazios através dos proventos da renda brasileira que continuava a chegar. O caso bem conhecido, da Casa da Ínsua, vem trazer fulgor a Penalva do Castelo. O que ocorre também em Mangualde e noutras mansões ao redor que são rejuvenescidas, nas residências burguesas dos seus endinheirados proprietários.

Não admira, portanto, que a decoração interior da própria habitação tenha ocorrido também através da renovação do bragal e das roupas de casa. Tornava-se urgente refazer o enxoval e constituir um novo património têxtil. As condições histórico – culturais são explícitas pelo que o aparecimento e/ou o desenvolvimento de uma manufactura de bordados está justificada à partida pela encomenda que seguramente as famílias recém – chegadas do Brasil fizeram, imitadas por outros parentes e amigos que não tinham deixado os seus lares.»


Os Bordados de Tibaldinho são singelos e harmoniosos e têm uma característica muito própria relativamente à policromia: são predominantemente brancos. Este aspecto está certamente ligado ao facto destas peças tratarem de roupa de casa, onde o branco é ligado à limpeza, higiene e dignidade, para além da mentalidade burguesa moralizadora da época, que associa o branco à pureza, honestidade e virtude.


Muitas vezes existe uma grande dificuldade em romper com domínios estilísticos há muito instalados, pelo que foi extremamente difícil ao novo léxico ornamental romântico chegar e difundir-se, principalmente na Beira Alta, como o caso de Alcafache. Por estas razões talvez, a policromia dos Bordados de Tibaldinho se tenha mantido fiel ao branco, símbolo da alvura.

A autora Madalena Braz Teixeira considera ainda, que as origens dos bordados se situam muito ao nível do gosto neo – clássico. No entanto estes bordados não são apenas de origem erudita. O carácter popular e cunho pessoal estam sempre presentes. Os próprios desenhos levam-nos a assistir a temas baseados no “AMOR”, aliás como em outros bordados, como o caso dos de Viana e dos Lenços de Namorado. Os enleios espiralados que prendem os crivos como filtros e os espinhos que ferem, são uma constante presença na simbologia destes trabalhos. No aspecto geral, os bordados de Tibaldinho têm traços comuns com os bordados de Guimarães (séries de ilhós consecutivos e semelhantes, ilhós com sombras e pequenos crivos, as estrelas e flores).

Os bordados de Tibaldinho, embora tenham como centro de difusão a aldeia de Tibaldinho, não se circunscrevem apenas a este povoado, mas são também realizados em outras aldeias vizinhas de Alcafache, Fornos de Maceira, S.João de Lourosa e Dão. As bordadeiras geralmente trabalham ao ar livre, sentadas, devido à falta de espaço do interior das casas e pela luz natural ser mais adequada.

Mas foi na festa anual de S. Mateus realizada na cidade de Viseu, que por volta de 1940 os Bordados de Tibaldinho tiveram grande impulso com uma exposição organizada pelo Dr. Sacadura Botte. A exposição nesta feira permitiu não só uma maior divulgação dos bordados como também maior apreço pelos mesmos. Posteriormente, em 1961, o Pároco de Alcafache, Padre


Manuel Messias, teve também importância na divulgação dos bordados, colaborando na organização da exposição de artesanato em Viseu.

Nos nossos dias, as bordadeiras passaram a ter esta actividade com o objectivo de aumentar as suas próprias economias domésticas. As bordadeiras de Tibaldinho controlam, elas mesmo, todo o processo de escoamento do produto.

A proximidade das termas de Alcafache e a existência do caminho-de-ferro facultam o escoamento do produto até aos grandes centros. No entanto, e principalmente a partir dos anos 60, as flutuações próprias do mercado, o aparecimento de novos materiais e as modas foram alguns dos obstáculos que esta arte manual de Tibaldinho teve de enfrentar, mas conseguiu ultrapassar.

Na década de 80 o “bordado de lã”, designação local do bordado de Arraiolos, foi divulgado e, pelo facto de ser mais rentável, aliciou as bordadeiras da zona e fê-las esquecer um pouco os Bordados de Tibaldinho. Logo a seguir, Azevedo e Silva deu conta do cenário de abandono dos bordados e procedeu à recolha de pontos e técnicas dos bordados tradicionais.

Costumamos dizer que logo a seguir a uma fatalidade vem a bonança. Foi o que aconteceu neste caso, um grupo de mulheres apostaram no valor patrimonial destes bordados tradicionais e fundaram “O Borboto”.

Estes bordados ornamentam toalhas, roupa de cama, aventais e todo o género de paninhos destinado à decoração do lar.

Referência Bibliográfica:

Paulo Fernando Teles de Lemos Silva, Bordados tradicionais portugueses, Dissertação de Mestrado em Design e Marketing - Área de Especialização em Têxtil, Universidade do Minho, 2006

Madalena Braz Teixeira, O Bordado de Tibaldinho, ed. CM de Mangualde-IPM, Lisboa, 1998


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